O adeus de um injustiçado ‘pequeno’ grande piloto

Agora é definitivo: Felipe Massa está fora da Fórmula 1. O anúncio foi feito no último sábado (4) pela manhã, pelo próprio piloto através de um vídeo publicado em seu Twitter. Assim acaba, na categoria máxima do esporte a motor, a trajetória de um dos melhores pilotos brasileiros no automobilismo mundial. E pela primeira vez, desde 1970, o Brasil ficará órfão de um piloto na competição.

Massa

Muitos comentários envolvendo Massa me deixam incomodado. “Depois da ‘molada’ ele nunca mais foi o mesmo”, diria uma pluralidade de pessoas. Isso não é verdade. Portanto, uma retrospectiva e alguns esclarecimentos oxigenarão um pouco as memórias sobre o piloto.

Óbvio que depois de ter uma geração de campeões em duas décadas, entre 1972 e 1991, com gênios como Fittipaldi, Piquet e Senna, a ausência de um título mundial tem um peso enorme. Especialmente pela forma como a maior parte dos brasileiros vê o esporte, mais como uma copa de nações do que uma competição por equipe.

 

O início

Máquina do tempo ligada, destino 2002. Foi neste ano que entrou, pelas portas da frente da categoria, o promissor Felipe Massa. Estreando na Sauber, na vaga deixada por Kimi Raikkoen, talentoso finlandês que foi chamado para a McLaren já em seu segundo ano de Fórmula 1, Massa não decepcionou. Na primeira corrida que terminou já marcou pontos – lembrem-se que nesta época apenas os seis primeiros pontuavam. E até o fim da temporada fez um campeonato competitivo, até preenchendo um espaço deixado dois anos antes por Pedro Paulo Diniz na mesma Sauber Petronas, que utilizava os motores Ferrari.

Justamente este último fato que fez o brasileiro, em 2003, fazer um ano de aprendizado na equipe dos sonhos de muitos pilotos, aquela que Senna tinha vontade de defender um dia: a Ferrari. Piloto de testes de equipe de Maranello, era praticamente questão de tempo assumir um dos carros vermelhos. Voltou para a mesma Sauber no ano seguinte, onde ficou até 2005, para, em 2006, finalmente vestir o macacão vermelho, em uma troca entre brasileiros: sai o veterano Rubens Barrichello e entra o jovem Felipe Massa.

 

Finalmente, a Ferrari

Schumacher, já heptacampeão, foi apontado como o tutor do jovem brasileiro (bem, quase algo como o próprio Massa fez com Stroll na Williams neste ano), que teria de tudo para ocupar a posição do alemão e ser campeão mundial um dia.  Não decepcionou: terminou o campeonato atrás de Schumy e conquistou sua primeira vitória no GP da Turquia. A segunda veio em grande estilo, com um macacão verde e amarelo, em casa. Foi o delírio, dos pontos mais altos de sua carreira: superar, na pista, o maior de todos os tempos.

O ano acabou e uma reviravolta nas cadeiras trouxe uma movimentação inacreditável de pilotos e equipes. Sai Schumacher da Ferrari; Hamilton estreia na McLaren Mercedes. Alonso, então bicampeão, deixa a Renault para ter seu pesadelo pessoal nas flechas prateadas – onde pretendia ser campeão. Kimi Raikkonen é confirmado na Ferrari e uma dupla muito forte é criada para seguir o legado de Schumacher.

Kimi entrou arrebentando, estreando com vitória. Na segunda corrida, mais um podium. E nada de Massa. Que reagiu na terceira etapa, vencendo. Eles foram trocando pontos até certo período da temporada, até o momento em que Kimi estava em melhor posição para derrotar os pilotos da McLaren. Com uma ajudinha de Massa no GP Brasil, Kimi ganhou e levou o título por apenas um ponto sobre Alonso e Hamilton. O inglês, aliás, liderava o campeonato. Massa foi quarto.

 

Auge e pesadelo

2008 foi o ano da redenção do brasileiro. Pilotou o fino, foi o melhor piloto do campeonato. Merecia o título. Foi o campeão por alguns segundos, por ganhar o GP do Brasil, última corrida do campeonato. Mas, depois da bandeirada, Hamilton fez uma ultrapassagem na última curva e, por um ponto, consagrou-se campeão mundial. O doce salgou: as lágrimas da vitória se transformaram nas da derrota moral. Um dos pódios mais frustrantes da Fórmula 1. O título não foi perdido ali, mas em outros detalhes, em outras corridas. Não se pode esquecer, no entanto, que Kimi virou um “segundo piloto”, um “escudeiro” de Felipe por algumas corridas.

O ano seguinte foi, sem dúvidas o mais difícil para Massa. Na décima etapa, no GP da Hungria, no sábado, ocorreu o fatídico acidente: uma mola que escapou do carro de Rubens Barrichello, ao quicar no asfalto, foi atingida por Felipe, que vinha a mais de 200 quilômetros por hora. Ela perfurou a lateral do capacete e atingiu Massa no rosto, pouco acima do olho. Massa apagou, bateu forte na proteção de pneus. Foi o desespero: apesar de estar vivo, ele ficaria afastado do automobilismo pelo restante do ano.

Mas 2009 já não vinha sendo um ano bom nas pistas para Massa. Não só para ele, mas para a Ferrari. Este foi o ano do domínio da Brawn e da primeira temporada forte da Red Bull, do início da hegemonia da equipe dos energéticos, que agora tinha o gênio Adrian Newey. A disputa com Hamilton e Raikkonen era apenas pela quinta posição. Nas nove corridas disputadas, Massa conquistou apenas um podium, no lugar mais baixo, na Alemanha.

 

Nocaute técnico

Massa voltou às pistas em 2010, mas ao seu lado não era mais Kimi Raikkonen, e sim Fernando Alonso, um dos pilotos mais completos de todos os tempos. Recomeçar após um grave acidente já não é algo fácil, e ter Alonso, então, tornava tudo mais difícil. Mas Felipe mostrou seu valor e seu talento especialmente no GP da Alemanha, um ano após seu acidente. Na corrida, vinha em primeiro, liderando tranquilamente. Até escutar, via rádio, uma mensagem.

“Felipe… Fernando is faster than you”.

Uma frase e quatro palavras, para alguns. Para Massa, a escuridão. Toneladas imensuráveis, não nas costas, mas no psicológico. Foi o nocaute técnico praticamente eterno para o piloto na Ferrari. Algo que murchou o ego, secou, no inconsciente, a determinação competitiva. Ele sabia que ganharia de Alonso, que era mais rápido, que a partir dali, poderia derrotar o incontestável bicampeão mundial. Porém, ali ficou claro um cenário de dez anos atrás, subentendido que Alonso era e seria o primeiro piloto, independentemente de seu desempenho.  Não era algo necessário naquele momento no campeonato. E quando uma repreensão dessa acontece uma vez, mesmo não querendo admitir, fica o vazio lá dentro.

Foi um golpe incomparavelmente mais pesado que a de qualquer objeto atingindo sua face.

Foram, então, mais três anos de uma angústia velada. Mas a angústia, podia-se dizer, era de menos, já que, entre 2011 e 2013, a Ferrari de Massa e Alonso era engolida pelos adversários – diga-se Red Bull. Não ter um carro para ganhar ou ser campeão é algo que se sobrepõe a qualquer outro sentimento.

 

Esperanças renovadas

Mudança de regras, novos carros, novos motores e energias renovadas para 2014. Adeus Ferrari, olá Williams. Na pré-temporada, até não parecia um mau negócio: equipada com o motor Mercedes, que se apresentou como o mais forte e durável com as novas normas, a Williams estava voando. Mas a temporada começou e se viu que o carro não era tudo isso. Alguns podiums vieram, mas não havia chances de vitória. Começava a era de hegemonia da equipe Mercedes, que dura até hoje.

Houve o adeus em 2016, mas, com a aposentadoria de Nico Rosberg, Bottas foi chamado pela Mercedes e a equipe pediu para que ele ficasse mais um ano. Pedido aceito. Mas o carro seguiu em trajetória decrescente em termos de desempenho.

Quando o carro não ajuda, não há milagre. Nos últimos 30 anos na Fórmula Um, pelo menos, ninguém foi campeão com carro mediano. Ninguém. Nem os maiores gênios.

 

The End

Até hoje, foram 268 corridas, 16 poles, 11 vitórias e 41 pódios. Felipe Massa foi brilhante, sim. Tinha todas as características para ser campeão mundial – algo que não ocorreu por meros detalhes. Não ter um bom carro nos momentos certos e ter Alonso como companheiro, em uma escuderia como a Ferrari, que preza pela equipe, foram os reais motivos de Massa não ter conquistado o título mundial. Fatos os quais apenas coincidiram por ocorrer logo após a tal ‘molada’.

Piloto que sai com a cabeça erguida, como uma moral ímpar. Muito querido por todos no ‘circo’ da Fórmula 1. Que levará um respeito imenso, seja lá onde for competir em 2018.

 

Obrigado, Massa. Por tudo.

 

 

(Um parêntese)

Sobre o fato da categoria ficar sem um piloto brasileiro, acho até positivo: será o momento dos brasileiros reaprenderem a curtir a Fórmula 1 como um esporte, pela competição em si. Até porque, para o amante do automobilismo, ter ou não o piloto de uma nacionalidade específica, nada vai mudar.

Nurburgring sedia a 45ª edição das 24 horas neste fim de semana!

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O querido e amado AMG GT da Equipe Haribo! #GoGoldBären

O fim de semana, além do GP de Mônaco na F1, das 500 Milhas de Indianápolis e da Charlotte 600 na Nascar, também terá as 24 horas de Nurburgring, que começa neste sábado.

No Green Hell, quem sai na ponta é o SCG003C (carro das Scuderia do Mr. Glickenhaus), que corre na classe SP-X. O tempo de 8:15.427 foi cravado pelo norte-americano Jeff Westphal.

O primeiro da categoria SP-9, que é a que nos interessa, a principal, é o R8 #29 da Audi Sport Team Land. Connor de Phillippi fez o tempo de 8:16.102, para sair na segunda colocação no grid. Ele será seguido por outro R8, o #9, da equipe WRT, pilotado por Robin Frijns.

Maro Engel, hoje na DTM, pole da corrida do ano passado com o Mercedão da Equipe Black Falcon, cravou o sétimo melhor tempo com o AMG GT3. O Brasileiro Augusto Farfus, também da DTM, está escalado nos dois BMW’s da equipe Schnitzer, o #42 e o #43. Ele fez o qualy com um deles (o #43), cravou o melhor tempo entre as M6, e vai sair na 10ª posição.

Não há como não reconhecer que a corrida promete. Basta ver os medalhões em algumas equipes. Mesmo os dois BM’s da Schinitzer, com os pilotos Marco Wittmann, Tom Blomqvist, Martin Tomczyk e Augusto Farfus no #42 e Alex Lynn, Antonio Felix da Costa, Timo Scheider e Farfus no #42. E o que falar do Audi #9 que vai sair em terceiro, com o quarteto de peso Nico Müller, Marcel Fässler, Robin Frijns e Rene Rast? A Porsche também conta com pilotos incríveis, como Romain Dumas, Fred Makowiecki, Patrick Pilet e Richard Lietz no carro #911.

Mas eu só sei que manterei minha torcida fanática pelos dois ícones da corrida: A Mercedes AMG GT da equipe HARIBO, que corre com o #8 e tem, no volante, o quarteto Uwe Alzen, Lance David Arnold, Maximilian Götz e Renger van der Zande. Max Götz fez o 14º melhor tempo. E SIM, O MANTA! O imortal Opel Manta da Kissling Motorsport, que corre na categoria SP 3, com o número #122. No volante, Olaf Beckmann,  Peter Hass, Volker Strycek e Jürgen Schulten.

Temporada 2017 da Fórmula 1 começa HOJE!

Finalmente chegou o tão esperado dia! Depois de quase quatro meses de espera, hoje, quinta-feira, inicia oficialmente a temporada 2017 da Fórmula 1. Está marcado para as 22 horas, no horário de Brasília, o sinal verde para o primeiro treino livre em Melbourne, na Austrália. Será a primeira oportunidade para observarmos, de perto e com toda a atenção, todas as mudanças dos carros. O segundo treino livre de ‘sexta’ está marcado para a madrugada, quatro horas depois, com início às 2 horas. A transmissão fica a cargo do SporTV.

E na madrugada de sexta para sábado poderemos sair das dúvidas e matar nossa curiosidade de quem realmente está rápido, já que é o que vale: o treino classificatório para o primeiro GP da temporada. Vamos ver se a Ferrari realmente está tudo isso, mais de meio segundo a frente das rivais; ou se a Mercedes, como muitos defendem (como eu), não deu tudo de si nos oito dias de treinos coletivos na Espanha, na pré-temporada.

E o principal de tudo, talvez a grande aposta: Será que o recorde da pista será quebrado? Vimos os carros detonarem o melhor tempo na pré-temporada. Mas eram os tempos do V8. Agora, na Austrália, circuito mais antigo e com o traçado inalterado, o recorde permanece o do glorioso Michael Schumacher, ainda da época dos sinfônicos e estridentes V10 (Ah que saudade dessa época).

Melbourne
Foto: Reprodução/formula1.com

Serão 58 voltas no domingo

Confira a programação oficial do fim de semana:

QUINTA-FEIRA, 23 de MARÇO de 2017:
Treino 1: 22:00 – 23:30

SEXTA-FEIRA, 24 de MARÇO de 2017:
Treino 2: 02:00 – 03:30

SÁBADO, 25 de MARÇO de 2017:
Treino 3: 00:00 – 01:00
Qualify: 03:00

DOMINGO, 26 de MARÇO de 2017:
Corrida: 02:00

Temporada 2017 da F-Truck inicia com apenas oito caminhões

Domingo, dia 19 de março, foi marcado pela abertura da 21ª temporada da Fórmula Truck, no gaúcho circuito de Velopark. Na verdade, um início simbólico de uma categoria cujo futuro ainda segue incerto.  Somente oito pilotos largaram. Um grid quase tão escasso quanto aquele da F1 em Indianápolis (2005), onde as equipes com pneus Michelin não correram, restando apenas seis Fórmulas na pista.

Dos quatro pares de corredores, apenas dois medalhões, representando uma única equipe oficial de fábrica: o multicampeão Wellington Cirino e Paulo Salustiano, com os Mercedes da ABF. E, no meio do grid, além destes, um único piloto não estreante, Joel Mendes Junior, o ‘Elvis’. A dobradinha ficou soberana com os pilotos da estrela de três pontas, liderada por ‘Salu’, e só não teve Joel na terceira colocação (a qual ocupava até a primeira parte da corrida) porque enfrentou problemas em seu caminhão.

Foto: Rodrigo Aguiar Ruiz
A equipe ABF Mercedes-Benz liderou a prova | Foto: Divulgação 

Mais um episódio triste no fraquíssimo automobilismo brasileiro, que perece ano a ano. Não tirando mérito dos seis pilotos estreantes na categoria e equipes novas, mas dói ver mais um espetáculo do automobilismo nacional morrendo. Tive o prazer de ir acompanhar por três vezes a categoria, uma delas inclusive levando meus pais. Era tão bacana ver o Autódromo Internacional de Curitiba lotado, e reparar nos carros e caravanas de estados vizinhos, em especial de Santa Catarina. Famílias, provavelmente com caminhoneiros ou simplesmente fãs da velocidade dos brutos com mais de mil cavalos de potência rasgando a reta, passando dos 200 km/h.

Acompanhando os noticiários e entrevista de pilotos, a crise interna na categoria era visível no ano passado. Já no início deste ano, esperávamos uma redução no grid, mas não tão drástica como esta. Assistir oito pilotos, como ocorreu com a Fórmula 3, não é nada animador. Não empolga, não atrai público.

Os motivos foram externados em uma magnífica grande reportagem feita pelo site Grande Prêmio, no segundo semestre do ano passado: a má gestão de Neuza Navarro Felix, viúva do fundador da categoria, o saudoso Aurélio Batista Félix. Com isso, nove equipes romperam.

A pancada foi muito forte. A cisão fez surgir até a dúvida: será que haverá Truck neste ano? Neusa foi persistente e, mesmo com o grid minguado, honrou o contrato com a Confederação Brasileira de Automobilismo, a CBA. E garantiu, no Velopark, que será persistente para não deixar a categoria morrer, que seguirá buscando apoio para se reerguer.

Após essa ‘quebra’ e a minoria com ela, apesar de seus esforços, sem dúvidas será algo muito difícil. Mas fica a torcida para que não ficarmos desprovidos de mais uma categoria do esporte automotor no país.

 

Resultados da corrida:

Primeira fase:

1 – Wellington Cirino (ABF Mercedes-Benz), 20 voltas em 25min12s141
2 – Paulo Salustiano (ABF Mercedes-Benz), a 0s278
3 – Joel Mendes Jr. (ABF Racing), a 31s891
4 – Witold Ramasauskas (Bravus Brasil), a 32s774
5 – Cristina Rosito (Woman`s Racing Team), a 37s625
6 – Alan Chanoski (Aaf Motorsport), a 44s716
7 – Rodrigo Soares (MGP3 Motorsport), a 1 volta
8 – Carolina Cánepa (Woman`s Racing Team), a 2 voltas

Segunda fase:

1 – Paulo Salustiano (ABF Mercedes-Benz), 23 voltas em 29min11s119
2 – Wellington Cirino (ABF Mercedes-Benz), a 0s944
3 – Alan Chanoski (Aaf Motorsport), a 20s573
4 – Cristina Rosito (Woman`s Racing Team), a 24s115
5 – Witold Ramasauskas (Bravus Brasil), a 25s986
6 – Rodrigo Soares (MGP3 Motorsport), a 1min08s883
7 – Carolina Cánepa (Woman`s Racing Team), a 2 voltas
8 – Joel Mendes Jr. (ABF Racing), a 19 voltas

Equipes da F1 concluem pré-temporada com enorme vantagem para a Ferrari

Terminou a pré-temporada da temporada 2017 da Fórmula Um. Foram oito dias de testes na Espanha, no circuito de Barcelona-Catalunya, divididos em duas semanas. O último deles foi nesta sexta-feira. Teve equipe que andou mais de mil voltas, ou seja, quase 5 mil quilômetros percorridos. No total, foram percorridas 6.791 voltas, totalizando mais de 31 mil quilômetros – o equivalente a quase uma volta completa no globo terrestre pelos trópicos. Depois de tudo isso, podemos chegar a uma conclusão, confirmando uma previsão: os carros estão MUITO rápidos com as novas regras. Surpreendentemente rápidos, cujo melhor tempo anotado já baixou em 3,3 segundos a pole de 2016 – e o piloto que cravou essa melhor marca disse que poderia melhorar ainda mais.

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É claro que tivemos muitas quebras, muitos carros que andaram pouco em alguns dias, assim como algumas batidas. A McLaren, por exemplo, percorreu apenas 397 voltas, e deixou um Fernando Alonso irado, saindo reclamando publicamente da Honda aos quatro ventos. Foi a equipe que menos andou. Já a Mercedes se mostrou o carro mais confiável, assim como a Ferrari. A equipe alemã completou 1.031 voltas, enquanto que o time de Maranello fechou 965 voltas com Räikkönen e Vettel. Depois delas, a que mais andou pela pista espanhola foi a Force India, com pouco mais de 700 giros.

Agora, já com os testes finalizados, e esta segunda semana, dá para fazer uma análise um pouco mais fundamentada, já que provavelmente muitas das equipes precisaram fazer teste com pouco combustível e mapeamento em alto rendimento, para sentir o comportamento do carro. Mas deixo claro: ainda são apenas testes, nada para valer, então certamente tem equipe que não deu tudo e essas ‘posições’ de cada uma das equipes podem ser alteradas.

O melhor tempo ficou com Kimi Räikkönen, único piloto a fazer volta na casa de 1:18. Seu tempo foi 1,3 segundo mais rápido que o recorde da pista, cravado ainda com os motores V8. O detalhe é que o tempo de 1:18.634 poderia ser melhorado, já que ele iniciou outra volta e fez uma segunda parcial ainda melhor, porém perdeu tempo na primeira e terceira parciais. E outro detalhe: ele estava com pneus supermacios, e não os ultramacios, mais rápidos. Para esta circunstância, isso demonstra um potencial para um qualify em 1:18 baixiinho na pista.

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A Ferrari foi a única a andar na casa de 1:18 na Espanha. Foto: Divulgação/Ferrari

Esse tempo da Ferrari foi uma lavada na concorrência. Quem cravou a segunda melhor volta nos oito dias foi a Mercedes, com Lewis Hamilton, porém sete décimos abaixo. E um tempo anotado com os pneus ultramacios, os mais rápidos disponíveis. Seria uma lavada para a Ferrari, de um segundo de vantagem em condições iguais de pneu. Mas isso é algo muito improvável. Hamilton já disse, em entrevista na sexta, que agora a equipe tem que correr atrás da Ferrari, mas tenho a convicção de que eles não andaram tudo o que podiam.

Antes de começar a pré-temporada, eu estava convicto de que a Mercedes continuaria no topo, com uma Ferrari muito próxima. Mas agora já tenho minhas dúvidas nesta hierarquia. Com esse desempenho fora da curva apresentado pela Ferrari, uma pulga começa a coçar atrás da orelha, e os diabinhos ficam cutucando com o tridente “A Ferrari vai ser campeã neste ano”. Porém, ainda acredito que poderá haver uma boa briga, com carros muito equivalentes entre Mercedes e Ferrari, alternando vitórias conforme o circuito.

Na sequência, creio na Redbull com bom desempenho, que deve manter-se como terceira força. Pouco depois a Williams, com um Massa que andou bem e mostrou-se confiante, já sem tanta responsabilidade e pressão com resultados. Pouquinho atrás, deve ser uma boa briga entre Force India, Renault, Toro Rosso e Haas.

E na ‘rabeta’, não deve diferenciar de 2016, com a McLaren e a Sauber.

Com exceção da Ferrari, não parece que haverá grandes surpresas em relação a 2016, como ocorreu em outras oportunidades com mudanças maiores nas regras nos últimos dez anos, como ocorreu com a Brown, Red Bull ou Mercedes.

E uma coisa que Fernando Alonso falou é fato: agora, com carros mais ‘pregados’ no chão, com maior grip mecânicos devido aos novos pneus e novas dimensões; assim como a maior downforce, que dá mais velocidade nas curvas, o piloto passa a ter um percentual ainda menor no resultado do carro. O braço do piloto (talento) tem ainda menos importância do que era em 2016. Uma pena, já que ficará cada vez mais difícil observar resultados inesperados de carros inferiores – foge à regra as condições adversas, como a chuva ou grande número de incidentes, por exemplo.

Pois bem, palpites a parte, nossas crenças a respeito da pré-temporada serão definitivamente sanadas em exatamente duas semanas, no dia 25 de março, quando ocorre o qualify para a primeira corrida da temporada, na Austrália, no gracioso circuito de Melbourne, no ‘Albert Park’.

A ânsia é grande. Porém, os segundos já estão contando!

Façam suas apostas: Bottas, Hamilton, Räikkönen ou Vettel?

F1 conclui primeiros testes para a temporada 2017

A pré-temporada da Fórmula Um começou. A emoção é tanta que até resolvi reativar meu blog!

Pois bem, nesta quinta-feira, dia 2 de março, encerrou a primeira bateria de testes da Fórmula Um para a temporada 2017. Foram quatro dias de treinos no circuito de Barcelona-Catalunya, na Espanha.

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A Mercedes completou os testes com o melhor tempo e mais voltas completadas. Foto: Sutton Images (F1)

E o que esses treinos nos revelaram? Nada! Simplesmente é impossível tirar qualquer tipo de conclusão na pré-temporada. As equipes não vão para a pista em condição de classificação, para dar apenas voltas rápidas, mas sim, testar muita coisa. Portanto, com diferenças no nível de combustível, mapeamento do motor, aerodinâmica, compostos de pneus, entre outros, impossibilita comparações diretas.

Para resumir os resultados, preparei esta tabela (com estética precária, no Excel, mas o que vale é a informação, me desculpem!) para vocês, com um resumo detalhado do que importa: quantas voltas cada equipe deu e quais as melhores voltas de cada equipe, considerando todas as voltas de todos os dias dos testes. No total, foram 3.192 giros completados!

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Muito se falou, muito se ouviu e muito se leu nestes quatro dias. A Ferrari bradou: “Temos um motor de mil cavalos”. A Mercedes acabou os testes com o melhor tempo e ainda desafiou: “Não andamos no limite dos giros”. A equipe italiana olhou a tabela e pensou “Ficamos só a dois décimos deles utilizando pneus macios. Eles usaram os ultramacios!”. Teve até piloto abandonando o treino para ir jogar tênis após problemas no carro (Alonso/McLaren)!

Polêmicas a parte, o que ficou claro é que Ferrari e Mercedes são os carros mais confiáveis. Tudo bem que a equipe alemã teve alguns problemas elétricos neste último dia, mas, em quatro dias, a Mercedes percorreu o equivalente a distância de quase nove GP’s. A Ferrari um pouco menos, mas não apresentou nenhuma falha.

Cabe lembrar que os testes também foram utilizados para os testes de pneus de chuva e intermediários. Não choveu naquela região da Espanha durante a semana. O que a Pirelli fez? Simplesmente despejou, nesta quinta-feira, inacreditáveis 250 mil litros de H2O no asfalto!

Reparem que a Williams não andou hoje. Massa, que pegou o carro na segunda, fez a melhor volta para a equipe e deu mais voltas que o novato Lance Stroll, que bateu três vezes entre terça e quarta e impossibilitou a equipe treinar mais. Hoje também foi um péssimo dia para a STR, que deu apenas uma volta e teve problemas no motor Renault. Foi a equipe que menos andou e fechou a bateria de testes com o tempo mais lento. Acima dela, a McLaren, que também enfrentou problemas e andou pouco.

Ahh sim, e as previsões foram confirmadas: recordes quebrados já nos primeiros testes. Talvez nem fosse a intenção, mas o recorde da pista, de Mark Webber, foi quebrado, inclusive pela Ferrari, com pneus macios. E a pole de 2016 de Hamilton foi pulverizada, baixando mais de dois segundos daquele tempo.

E na próxima semana tem mais! Dia 7 as atividades serão retomadas! A temporada começa no dia 26 de março, com o GP da Austrália, na encantadora Melbourne.

Alonso, Mágico, vence na Malásia e Perez é segundo!

Vitória Magnífica de Fernando Alonso com a Ferrari no GP da Malásia da F1. A corrida também foi um show à parte, com chuva no início, bandeira vermelha, prova interrompida por 51 minutos, e reinício com pista molhada que foi secando. Nas condições adversas, mesmo com esse carro da equipe italiana, que errou feio a mão no projeto, o espanhol foi fantástico. Se no domingo passado eu falasse que o Alonso estaria liderando o campeonato e já com uma vitória na corrida seguinte, ririam de minha cara e mandariam internar.
Vitória tão ou mais magnífica foi a segunda posição de Sergio Perez. O mexicano tava mais rápido que Alonso, encostou, e provavelmente iria passar, mas esbarrou na falta de experiência, errou uma freada e saiu da pista, quase abandonando. Perdeu seis segundos, se recuperou e ainda terminou com apenas 2,2s de desvanagem para o vencedor. Hamilton foi o terceiro.

Perez completou algumas voltas na ponta quando Alonso e os adversários pararam. Mas a vitória ficou com o espanhol

Bruno Senna, em uma corrida muito boa, terminou em sexto. Ele rodou e figurou na última posição, mas se recuperou e conquistou excelentes 8 pontos.

E o Massa? Bem, ele vai se complicando a cada corrida. Dessa vez, terminou em 15º. Ou seja: dos que concluiram a prova, se desconsiderar a três nanicas, que estão muito atrás das outras equipes, Massa terminou em último.
Que contraste na Ferrari, não?

Fiquem ligados, logo tem mais sobre o GP da Malásia!

Seja bem-vinda, temporada 2012 de Fórmula 1!

Em menos de meia hora começa, oficialmente, a temporada 2012 da F1. Foram quatro meses de muita espera, mas que passaram rápido em meio ao fim de ano, lançamentos dos carros nos últimos dias de janeiro e início de fevereiro, bem como os testes no segundo mês do ano – e ainda um em Março.

Apesar de acompanhar os resultados – alguns treinos em tempo real, inclusive – e haver a possibilidade de fazer uma análise geral sobre o desempenho dos novos carros, sempre prefiro me manter neutro, já que nenhuma conclusão definitiva dá para tirar nesses testes. Times escondem o jogo, praticam com mais ou menos combustível, testam peças e acertos. A Force India ou mesmo a Sauber, que lideraram um desses treinos, podem, durante a temporada, apresentar o mesmo desempenho do ano passado. Ou não. A Ferrari mesmo, que teve Massa e Alonso ‘reclamando’ do carro, pode estar escondendo o jogo – seja para menos ou mais.

Com o W03, a Mercedes promete ficar mais próxima das rivais...

A grande verdade é que nenhum time pequeno se transforma em grande de uma temporada para a outra e nenhum grande se rebaixa para o fim do pelotão – pelo menos não na F1 atual. Ao que parece (ressaltando: “Ao que parece”, já que não aposto nada nem dou minha cara a tapas), a distância entre as equipes diminuiu um pouco. A Mercedes, inclusive, talvez possa incomodar um pouco mais a McLaren ou a Ferrari. E a Red Bull seguirá dominante, bem como a HRT deverá herdar as últimas posições do grid, atrás dos brinquedos da Marussia.

A Marussia, sem o horrendo degrau no bico, surpreendeu ao anunciar a espanhola María de Villota como pilota de testes do MR01

AH sim, e para esse post não ficar sem imagens, aqui as três últimos carros apresentados pelas equipes, aqueles que não fizeram parte do último post: Mercedes com o W03, pilotado por Nico Rosberg e pelo veterano multicampeão Michael Schumacher, a Marussia com o MR01 piloado por Timo Glock e pelo estreante vindo da GP2, o francês Charles Pic; e a HRT com o F112, que anunciou Pedro de la Rosa e Narain Karthikeyan como pilotos. Ah, e destaque para a espanhola Maria de Villota, que será a pilota de testes da Marussia.

As cores até ficaram bacanas, mas ao que parece, a Hispania seguirá amargurando as ultimas posições no grid com o F112

E torçamos para que seja uma bela temporada, com muita disputa na pista e sem nenhuma tragédia.

Os (feios) carros que disputarão a temporada 2012 da Fórmula 1

Menos de 38 dias para o primeiro treino oficial da primeira etapa da temporada 2012 da Fórmula 1. Mas o campeonato deste ano já começou nos bastidores e nas pistas: nesta terça-feira ocorreu a abertura dos treinos livres de pré-temporada em Jerez de la Frontera, na Espanha. Das 12 equipes que participam do mundial, mais da metade, exatamente nove, já apresentaram seus modelos ao mundo. Quatro deles apareceram entre ontem e hoje. E a conversa sempre gira em torno do mesmo detalhe: os bicos malditos – de feios.
Tudo isso por uma nova regra maldita implementada para 2012: o bico não pode ter uma altura superior a 55 centímetros. O monocoque, porém, deve ter 62,5cm.
A Caterham (diga-se ex-Lotus-verde-e-amarela) apresentou o carro CT01 no mês passado, dia 25. Foi o pioneiro do “bico ornitorrinco”, achatado, com um degrau ao chegar no monocoque. O carro continua verde e amarelo e novamente será pilotado pela dupla Hekki Kovalainen / Jarno Trulli.

Fevereiro, dia primeiro. A McLaren apresenta o MP-27, que será guiado por Lewis Hamilton e Jenson Button. Até agora, o único a não apresentar aquela saliência lastimável: o time de Woking encontrou uma solução mais limpa e bonita. O bico ficou mais baixo e a suspensão foi retrabalhada, sendo possível passar pela regra sem se submeter ao ridículo. Ah, e outra coisa que chamou a atenção na apresentação do bólido foi Lewis Hamilton, brincando e ‘cutucando’ Felipe Massa em relação aos novos espelhos (padronizados). “Os retrovisores mudaram, Felipe ficará muito feliz com isso”, exclamou, com muito senso de humor. É, sem sombra de dúvidas, o carro mais belo até o presente momento.

Dois dias depois, na sexta-feira, a Ferrari tratou de mostrar ao mundo seu bólido. O evento estava marcado para a Itália, mas com o marasmo das branquinhas cobrindo tudo no velho continente, o carro foi apresentado pela internet. Além do bico desprezível, a Ferrari também apresentou uma ridícula entrada de ar secundária na tampa do motor, logo atrás da principal. Esta é a F2012, que Felipe Massa, o companheiro de Fernando Alonso, deverá acelerar muito, já que possivelmente é a última temporada dele: uma notícia extra-oficial corre nos bastidores de que Kubica já assinou uma carta de intenções para um contrato a partir de 2013, com um teste previsto já para o meio deste ano…

Também na manhã de sexta-feira, a Force India apresentou o VJM05, que será pilotado por Paul Di Resta e Niko Hulkenberg (Sim, meu sósia!). Só que este é mais feio ainda: parece não haver uma ponta no bico, mas uma boca, que morde o suporte da câmera da TV. Contudo, como beleza não representa desempenho, cabe destacar que o carro se comportou bem nos treinos de hoje, com Paul Di Resta terminando em segundo.

A Lotus-Renault, por sua vez, lançou o carro no domingo. Romain Grosjean e Kimi Raikkönen serão os pilotos do modelo E20. Ele também conta com o corte radical no bico, porém menos aparente, menos saliente, um pouquinho mais agradável aos olhos. Mas ainda assim, com aquele degrau horrendo… Ah, e um destaque especial para o carro e para o campeão ‘novato’ Kimi Raikkönen: ele foi o mais rápido nos treinos de hoje em Jerez.

Segunda-feira, 06 de fevereiro de 2012. Dia da apresentação de três carros para o mundo. O primeiro a aparecer foi o Sauber C31, feio que dói. O motor segue sendo Ferrari e os pilotos Sergio Perez e Kamui Kobayashi foram mantidos para esta temporada.

Depois, a Red Bull apresentou o RB8, que ostentará os números 01 (Vettel) e 02 (Webber) na ‘carenagem’. Apesar do bico horrendo, o projeto se parece muito com o RB7, campeão no ano passado. Aí eu me pergunto quem é o tal do Helmut Marco, consultor da Red Bull. Ele, o cabeça de mamute (Helmut, creio, vem da mistura entre Helmet e Mammoth – traduzindo, capacete e mamute, respectivamente), disse que o carro da RBR não seria tão feio quanto o da Ferrari. Respondo: “Ah, vá!”.

A última das apresentações do sexto dia de fevereiro foi da Toro Rosso. É o STR7, que como não poderia deixar de ser, tem o bico ornitorrincóide. Como a “irmã rica” Red Bull, o carro se parece bastante com o da temporada passada. O bólido será pilotado pelos jovens Daniel Ricciardo e Jean-Éric Vergne.

Dos nove carros já apresentados, o mais recente foi o FW34, da equipe de Frank Williams. Nos cockpits, o volante será manipulado por Pastor Maldonado e pelo brasileiro Bruno Senna. Para este ano, a maior novidade será adoção do atual motor campeão do mundo, o Renault.

Entre os restantes, a HRT, que correrá com o indiano Narain Karthikeyan e o experiente espanhol Pedro De La Rosa, provavelmente irá apresentar o carro na próxima semana, na segunda sessão de treinos livres. Nesta quarta-feira o modelo 2012 irá para o crash-test.
Na sequência deverá aparecer o modelo da AMG Mercedes-Benz, cujos pilotos da temporada passada (Michael Schumacher e Nico Rosberg) serão mantidos. A apresentação está prevista para o dia 21 de fevereiro.
E, finalmente, a Virgin, cujo projeto está atrasado, deverá apresentar o modelo com o qual disputará a temporada 2012 de F1 no dia 1º de março, no terceiro treino da pré-temporada. A equipe correrá com o alemão Timo Glock e o estreante Charles Pic.
A temporada começa em Melbourne, na Austrália, no dia 18 de março.

O cinematográfico Super Bowl XLVI vencido pelos Giants – uma final em quatro atos

Num cara ou coroa começou o Super Bowl XLVI. E praticamente assim terminou: a bola foi lançada para a sorte por Tom Brady, para o alto, direto para a in zone. Se um jogador do Patriots pegasse, eles seriam os campeões; se ninguém pegasse ou os defensores do Giants agarrassem o torpedo, o título ficaria com Nova Iorque. Como um níquel que cai, vira para lá e para cá e escolhe um lado, assim fez a bola: encosta na mão de um de cá, quase para na mão do outro de lá, esbarra em um de branco e quase fica na mão de um com uniforme azul da Nova Inglaterra. E quando a bola oval toca o chão, foi o Lucas Oil Stadium que quase veio abaixo, com a confirmação da vitória dos Giants. E Eli Manning é consagrado como jogador mais valioso (MVP) no palco onde seu irmão mais velho, Payton, é o maior astro e ídolo.

O Déjà Vu ocorreu já quando a moeda foi lançada, virando a favor do Giants, pela 15ª vez seguida escolhendo o time da NFC. A posse não durou muito tempo, dois sacks no Eli em três jogadas e logo a ovalada passou para os Pats. Brady começou com as costas na parede, foi espremido e comenteu um intentional grounding já na primeira jogada. Dentro da end zone é falta, é safety, e o placar apontava 2X0 Giants. Bola novamente para o time de NY que logo tratou de anotar o primeiro Touchdown do jogo. E o placar já era de 9X0 para os Giants em pouco mais de 10 minutos decorridos. Tudo isso naquilo que considero como o primeiro ato do jogo.

Faltando 3m24 para acabar o primeiro quarto, começou o segundo ato: O Patriots acorda. Tom Brady foi fantástico, jogou tudo o que sabia e o que não sabia. O domínio foi do time de New England. Um Field Goal e um Touchdown. E fomos com 10X9 para o Half Time Show, com Madonna em um p*$# espetáculo em uma megaprodução.

Trinta minutos depois do fim do segundo quarto, os gladiadores já estavam em campo, correndo no kick off. Brady, que estava pegando fogo, continuou em uma campanha magnífica, acertando 16 passes em 16 tentados em duas campanhas, levando o Patriots a mais um TD quando tinham passados 3m35 do início do terceiro quarto. O placar era de 17X9.

Terceiro ato: Manning ressuscita. Duas campanhas para o Giants e dois Field Goals anotados. O placar estava justíssimo ao final do terceiro quarto: 17X15. Ok, últimos 15 minutos decisivos, um quarto muito nervoso, com muitos erros. Segunda jogada do último quarto e Tom Brady arremessa para uma interceptação. Que felizmente – para ele – não se transformou em pontos para o Giants, que morreu em uma vacilada de Mario Manningham ao pisar fora do campo, após um passe magnífico de Manning. Punt e mais uma chance para o marido da Gisele Bünchen. Eles ainda tinham pouco menos de 10 minutos para trabalhar a bola.

Faltando 4m06, em uma segunda tentativa para 11 jardas, se W. Welker tivesse agarrado o passe de Brady, provavelmente resultaria em um TD – ele que estava livre de marcação e receberia na linha de 20 jardas. Um Field Goal seria moleza. Mas nada feito. Mais um passe incompleto para D. Branch e restou o Punt.

Já na primeira jogada, Manning tenta ‘aquele’ passe novamente para Manningham, na lateral. Um passe perfeito, magnífico, maravilhoso. Mesmo com dois fechando, o passe foi recebido, dois pés foram colocados em campo e ele rolou pela lateral. Mesmo naquela velocidade e emoção, 10 centímetros mais fraco ou mais forte poderiam se transformar em interceptação. Aí foi fácil para o Giants chegar até a red zone. Na linha de seis jardas, faltando um minuto para o fim, a defesa do Patriots se abriu para um TD mais rápido e ainda ter tempo hábil para uma virada. Bradshaw até tentou parar antes da linha, mas não conseguiu, e caiu dentro da end zone. Agora o placar era favorável ao NY, 21X17.

Quarto e último ato: a espera de um milagre. O tempo era curto. Mas para quem acompanha a NFL sabe muito bem que em um mísero minuto é possível uma virada e uma nova virada. Basta lembrar o jogaço entre Saints e 49rs nesta temporada, que rolou três viradas nos dois últimos minutos. E a estatística do Mr Bünchen não podia ser esquecida: os três Super Bowls que venceu foram de virada no último quarto.

Duas tentativas de passe e dois passes incompletos. E agora não era o Giants, mas o cronômetro seu maior rival. Terceira tentativa e Brady é sacado. Outro tudo ou nada, quarta para 16: Brady tem tempo e, de maneira inacreditável, acerta um ótimo passe de 19 jardas. Patriots ainda respira e restam 32s. Um bom passe e dois passes incompletos ocorrem na sequência. E então vamos para onde vocês todos já conhecem… Com a desvantagem de quatro pontos no placar, restando cinco segundos, na linha do meio campo, só sobrou para Brady a opção de lançar um torpedo para a in zone. Se o Receiver do Patrots Aaron Hernandez pegasse, eles seriam os campeões. Mas com quatro marcando, a tarefa ficou difícil, a bola ainda quase ficou com outro jogador dos Patriots antes de cair. Ela encostou o chão com o cronômetro zerado e assim o Giants conquistou seu quarto título de Superbowl.

Um final cinematográfico. Parece até que o jogo já tinha sido disputado, fechado a sete chaves, com a vitória do Giants, e o Super Bowl foi apenas uma encenação feita por um roteirista brilhante, pensado minuciosamente nos mínimos detalhes para apresentar um enredo emocionante e dramático. No final, fica aquela sensação de ter vivido algo inacreditável. Depois, a depressão ao acordar e ver que a temporada acabou.

Não posso deixar de destacar também as semelhanças com a final de 2008, o Super Bowl XLII, em que o Giants venceu os mesmos Patriots de Brady por 17X14. Se me perguntarem qual foi o mais emocionante, não saberia o que responder, tudo depende do ponto de vista. Da mesma forma que neste, naquele um TD foi anotado por Eli após um passe esplêndido, faltando 34s para o fim. Pouco antes, em uma quarta descida arriscada, Eli tinha milagrosamente fugido de um Sack de quatro defensores. Brady também teve algumas tentativas para anotar nesses últimos segundinhos, arremessou três petardos para arriscar um TD, mas sem sucesso.

Hoje, Eli pode não ser considerado o quarterback mais completo, mas certamente é o que tem mais coração na NFL. E a derrota do Patriots não pode ser jogada nas costas de Brady, que jogou muito – os mãos de sabão do time de New England foi um grande empecilho. E um detalhe: foi o primeiro Super Bowl a reunir dois quarterbacks que já foram campeões e eleitos MVPs. Ao final de tudo, fica o saldo de uma temporada extraordinária da NFL. E a ânsia para que setembro chegue logo…